terça-feira, 18 de agosto de 2009

Silêncio, consegues ouvir-me?



A noite corria veloz lá fora. A lua, fixando-se no meio do palco estrelado, parecia agora reflectir majestosamente toda a sua luz pelos telhados de Lisboa.
Olho em redor. Tento encontrar outra inspiração que não esta que carrego na mente, mas a única coisa que consigo encontrar lá fora é o silêncio da noite. E o silêncio da noite era apenas tudo aquilo que eu não queria encontrar, pois quando existe silêncio, quando consigo escutar este vazio profundo que guardo em mim...a única coisa, a única coisa que eu consigo recordar és tu.
É no silêncio... É no silêncio que oiço sempre o eco da tua voz. É no silêncio que eu consigo rever sempre o brilho do teu olhar. E sim, é ainda no silêncio que eu recordo sempre tudo aquilo que nós costumávamos ser um dia. Mas agora que penso... Esta ausência de vozes... Só pode ser ironia. Pura, dura e crua ironia. E queres saber o porquê? Porque pode até ser no silêncio que me ocorrem lembranças tuas, mas será sempre ainda na triste realidade do meu bloco de folhas pautadas A4 que as palavras sobre ti não pararam de germinar. E sim, vão ser elas que, um dia, me ajudarão a quebrar este silêncio que carrego atado em mim.
Recuso-me. Recuso-me silêncio! Sabes bem que a minha vontade era gritar para ti e passar a enunciar tudo aquilo que gostava de ter dito sobre aquele que ambos bem conhecemos, aquele cujo nome não posso, não quero pronunciar. Essa sim era a minha vontade. Gritar, gritar e gritar... Quebrar-te a ti, silêncio, em mil e um pedacinhos para que não tivesse de recordar nunca mais "aquele". Mas tu, tal como eu, sabemos que tu, silêncio...tu não tens culpa. E mais... Eu e tu sabemos melhor que ninguém que ele não merece. Não merecias tu, não merecia eu e não merecia ninguém. É por isso que me recuso a quebrar esse silêncio. Não é o silêncio que tem de partir, agora percebo. Não. És tu, as tuas memórias e tudo aquilo que trouxeste contigo que precisam de encontrar rapidamente uma saída. Não me interessa o que tenhas de fazer para o conseguir, se sofrerás ou não com isso… Eu apenas sei que quero encontrar a saída do teu amor. Quero encontrar o grande cofre onde possa fechar este meu coração, trancar a sua porta a sete chaves e esperar… Esperar que, bem escondidinho, ele se esqueça de quem foste e de tudo aquilo que mudaste na minha vida. Esperar que, assim, ele encontre rapidamente uma nova saída. Neste caso, uma nova oportunidade, uns novos olhos para poder ver aquilo que a minha cegueira por ti não me permitiu.
Preciso esquecer-te. Preciso ser feliz. Não entendes? Talvez esta seja uma realidade demasiado dura para entenderes, mas deixa… Eu já nem peço que compreendas. Não te dês a esse trabalho. Eu ao menos consigo entender este silêncio e ele também consegue entender a dor que causa em mim.
Deixa-me entregar-te às linhas, ao papel, ao meu bloco de folhas pautadas A4. Deixa-me escrever o princípio, meio e fim desta nossa história de amor.
Ainda não entendes? É tudo o que eu te peço… Eu só quero ser feliz.



1 comentário:

  1. Gostei muito deste teu texto ainda que o tenha achado um pouco confuso de inicio,mas de uma sinceridade tremenda. Escreves com o coração e isso pode ver-se em cada palavra deste teu texto.

    Muitos parabéns e continua :)

    Ah! E obrigada por me seguires ^^

    Um beijinho*

    ResponderEliminar